quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Retorno do Defensor.

Kael

Era um dia comum na cidade de Ecrut. A noite já quase se esvaia dando lugar a um novo dia. Na parte norte da cidade existia uma grande e luxuosa casa, onde abrigava damas que faziam companhia a quem as pagasse. O lugar se chamava Las Curvas, conhecido em todas as cidades como o lugar onde o prazer não tem fim. A proprietária, uma humana de nome Emanuelle, havia a muito herdado o estabelecimento, que passa de geração em geração em sua família. Nesta noite ela estava preocupada. Poucos clientes frequentavam o estabelecimento e em poucos dias teria de saldar uma grande divida. Estava postada em seu quarto quando ouviu barulhos que vinham dos fundos da casa. Armou-se com seu florete e foi averiguar o que poderia ter ocasionado tal barulho. Chegando ao fundo da casa nada encontrou a primeira vista. Desceu o alpendre e, sob a luz do luar, encontra um cesto de prata cravado com runas, coberto por uma toalha de seda. Curiosa, Emanuelle retira a toalha e encontra um bebê, envolto um tecido branco com bordas prateadas. O bebê tem a pele extremamente branca, com olhos vermelhos, com vincos gravados em sua pele que cruzavam seu rosto e, ao lado do olho direito, formavam uma lua crescente. Afeiçoando-se prontamente pela criança, esta o recolheu em sua morada, onde passaria a cuidar dele como se fosse seu próprio filho. Deu-lhe então o nome de Kael. Todas as garotas que no Las Curvas trabalhavam gostaram prontamente de Kael, sendo este cuidado por todas elas.

Kael crescia e a tudo aprendia rapidamente. Desde muito novo, todos percebiam que havia algo diferente em seus olhos, algo muito diferente do que os olhos humanos estão acostumados a ver. Também desenvolveu, logo nos primeiros anos, a habilidade de manipular os elementos, mesmo que sem nenhum controle, habilidade esta descoberta quando este, com quatro anos de idade, sentado de frente a lareira, fez com que uma pequena chama se soltasse das chamas da chaminé e a fosse direcionada ao sofá mais próximo, causando a destruição do mesmo e quase um grande incêndio.

Conforme os anos foram passando, Kael foi aprimorando a manipulação dos elementos. Descobriu que podia controlar os quatro elementos: terra, fogo, vento, agua. Também descobriu que sentia uma afinidade muito grande pelo sangue, tendo provado uma vez de uma das moças que trabalhava no Las Curvas quando se machucou. Viu que ninguém tinha esse hábito de saciar com sangue e tratou de isolar o mais fundo possível aquele desejo dentro de seu coração. Utilizava seus poderes para ajudar Emanuelle no que podia, não se negando a trabalhos braçais como forma de agradecimento a aquela que o acolheu.

Logo, o bebê já era um rapaz. Aos dezessete anos era uma figura mais que conhecida por todos que frequentavam o Las Curvas. Carismático e simpático, desenvolveu também uma lábia mais que eficaz, juntamente com os segredos do amor, iniciado precocemente por aquelas que o acolheu.

Em uma noite qualquer, um figurão do alto escalão juntamente com sua guarda adentrou o Las Curvas para se utilizar dos serviços ali prestados. Emanuelle já tinha uma idade avançada e não se prestava mais aos trabalhos físicos, passando a cuidar única e exclusivamente das finanças do local. Este senhor exigiu que Emanuelle lhe servisse, pedido que ela educadamente negou, colocando a disposição qualquer uma das moças que o estabelecimento possuísse. Enraivecido por ter sido contrariado, este partiu para cima de Emanuelle, atacando-a com socos e chutes, e seus guardas apenas observavam a cena com desdém. Kael, que descia a escada no momento em que tudo acontecia se enraiveceu e, manipulando o elemento vento, invocou uma grande rajada de ar que arremessou o agressor até a parede, provocando um grande impacto. Os guardas que aquele senhor acompanhava partiram para cima de Kael que, agora se utilizando da água próxima, criou um turbilhão e os mandou para fora do estabelecimento. Quando Kael se aproximou do agressor, percebeu que este estava morto.

Sua mãe de criação, mais do que depressa, arrumou suas coisas e pediu para que fugisse o mais distante possível. Indicou que fosse à Floresta Negra, que talvez lá encontrasse algo de seu passado. Naquela mesma noite, Kael se despediu da mãe e de todas as que no Las Curvas trabalhavam, e partiu para nunca mais voltar.

Caminhou por dias a fio e, quando adentrou a Floresta Negra, vagou por lá por semanas a procura de alguém. Possuía sentidos aguçados e grande agilidade, fato que lhe proporcionou alimentos e sucesso nos perigos que lá havia. Em uma noite onde a chuva caia em grande proporção, Kael se abrigou em um espaço entre as raízes de uma arvore para esperar a tempestade diminuir e continuar sua jornada. Foi surpreendido com movimentações próximas onde estava. Percebeu que havia cinco vultos que marchavam em sua direção. Controlando o elemento da água da tempestade, este invocou um turbilhão de água pra cada adversário e desferiu o seu golpe. Estes esquivaram facilmente e, também controlando a água, desferiram sucessivos golpes em Kael, fazendo que este desfalecesse.

Acordando em um lugar completamente diferente de tudo aquilo que havia visto, viu-se rodeado de imensas árvores que eram extremamente altas. Reparou que casas saiam de dentro dessas árvores, como se essas, ao crescerem, se moldassem em forma de casa. Quando passou a reparar melhor as sua volta, viu que havia várias pessoas que se pareciam muito com ele mesmo. Pessoas brancas, esguias, com vincos cravados em seu rosto e corpo, olhos que variavam entre verde claro, azul claro, dourado e vermelho, estavam a observa-lo. Da multidão se separa uma figura alta e com olhos dourados. Este se aproxima e lhe pergunta quem era ele e de que família vinha. Kael não soube responder e apenas disse que vagava pela floresta a procura de respostas. Este então se apresenta como Dimitri e lhe pede desculpas pelo comportamento de seus guardas na noite anterior, mas adverte-o que estes só o atacaram por terem sido atacados primeiro. Dimitri convida-o a entrar em uma grande árvore que mais se parecia com um palácio do que com uma casa. Lá dentro, explicou-lhe muitas coisas, como esclarecendo que ele fazia parte da raça dos elfos hemofílicos, que nada mais eram que elfos que possuíam uma alteração genética, comparado aos elfos normais, e que apreciavam o sangue, mas não se deleitavam dele, pois era como uma droga pra eles e causava dependência. Explicou também sobre as marcas vincadas em sua pele, dizendo que são marcas que são privativas de cada família, e que a marca dele significava que ele pertencia ao Clã da Lua Crescente, um clã poderoso que exercia o papel da guarda real, juntamente com outras famílias e que foram assassinados em uma emboscada preparada pelos elfos negros, com o intuito de matar o rei dos hemofílicos, o Rei Petrus. Kael, triste pela sina de sua família, decidiu seguir o mesmo caminho que seus pais e, descobriu que, o controle dos elementos se davam por ele ser do clã dos geo-guardiões e, Dimitri, ser o General da Divisão dos Geo-Guardiões.

Daquele dia então, passou todos os dias de sua vida melhorando o controle dos elementos, sob o comando de Dimitri, vindo a tornar-se o mais valoroso guerreiro de sua divisão.

Com a movimentação de Tronus, e a aliança deste com os elfos negros, os elfos hemofílicos decidiram então enviar Kael para as cidades humanas, para que este colha informações sobre os bastidores desta guerra iminente contra Tronus e seus aliados, e para representar os elfos hemofílicos nesta batalha.

Kael, com o dever que lhe foi designado pelo próprio Rei Petrus, e pela saudade que senti do perfume das humanas, inicia sua jornada rezando aos deuses que dela não se desvirtue.

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